terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Cacique Raoni e o Clamor que vem da Floresta

Olá, amigos do blog, boa tarde! Como vocês estão?
Feriado prolongado de Carnaval e é sobre ele mesmo que vim falar, mais especificamente do desfile da Imperatriz Leopoldinense.



Como eu já tinha abordado em um post anterior, a agremiação carioca levou para a avenida o samba-enredo "Xingu, o Clamor que vem da Floresta", enfatizando a necessidade de se olhar mais para esses povos, de trabalhar a sustentabilidade e como o crescimento industrial desenfreado tem destruído a Amazônia... 
Linda a letra na interpretação de Arthur Franco e mais linda ainda a iniciativa da escola. 
Mas eu já imaginava que a passagem da Imperatriz seria ofuscada pelo conflito de interesses que isso implicaria. Embora exaustivamente seja falado sobre sustentabilidade, na prática significa minimizar drasticamente os danos causados pelas indústrias e fábricas no planeta, o que choca com a economia nacional onde o agronegócio é o responsável por 22% do PIB e 37% gerador de emprego no país.
A beleza do desfile é indiscutível, os carros, a história indígena, as cores, lendas, a garra de Ysani Kalapalo representando o Xingu... mas senti falta do brilho no olhar do cacique Raoni. A sensação que eu tive foi que ele embora estivesse ali com muito orgulho de ser o que é, também trazia no peito a convicção de que não surtiria o efeito desejado. Que após o carnaval toda aquela manifestação e explosão de sentimentos iria embora, amor de carnaval mesmo... Lembram dele? 
O indígena mato-grossensse que se destacou na mídia em 1987 e virou porta-voz dos assuntos ligados aos índios, opositor ao então projeto Belo Monte( citada "belo monstro" no samba da escola), foi tema de documentário, esteve com o rei da Bélgica, foi patrocinado pelo cantor Sting, apoiado por presidentes e até pelo Papa João Paulo II, enfim, tem uma longa história de resistência, luta e conquistas; O caiapó é responsável pela criação do Parque Nacional do Xingu, na Amazônia. Vale a pena dar uma conferida em sua biografia.



 Senti falta de uma ênfase no tema durante a transmissão do desfile, nos comentários...senti falta dos homenageados no final. Acredito que eles aceitaram a homenagem para que tivessem oportunidade de falar sobre as desigualdades sofridas por seu povo e reivindicarem os seus direitos.
O capitalismo abafou o clamor da floresta. Mais uma vez o homem branco perdeu a oportunidade de dar voz aos verdadeiros donos da terra, aos protetores naturais do planeta. 
Resta-nos, formadores de opinião, continuarmos engajados nessa luta para que não se extingua as etnias espalhadas pelo planeta e com ele toda sua diversidade cultural e as riquezas da natureza. 

6 comentários:

  1. " onde o agronegócio é o responsável por 22% do PIB e 37% gerador de emprego no país."(Marta Almeida) Infelizmente acho que não estão nem um pouco interessados em sustentabilidade e sim na avareza,porque enquanto tiver gerando lucro para eles mais vem o descaso com os índios e suas posições na sociedade, talvez por isso a falta de brilho no olhar do cacique, por saber que só não bastaria essa homenagem no carnaval que passará despercebida a luta deles para continuarem a se manterem no local que lhes é por direito.

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    1. Bem colocado, Conceição. O carnaval vai passar e a luta dos indígenas continua.

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  2. Apesar de não ser ligado ao carnaval, mas tomando conhecimento deste assunto em seu blog, infelizmente podemos ver que o ser humano cada vez mais pensa em si e olha somente para o seu próprio "umbigo". A consequência de sua ganância em agredir a natureza e não respeitar os que nelas habitam, pode não ser agora, mas no futuro onde suas gerações vindouras com certeza sentirão falta de uma sombra de árvore ou de um ar fresco por exemplo.
    Como dizia meu avô "Um dia a natureza, cobra aquilo que era seu para a humanidade" e eu completo dizendo que muitas das vezes, essa "cobrança" vem acrescida de "juros" e "correções" pois os estragos são assustadores.
    Respeitar a natureza e sua biodiversidade, assim como os índios, é respeitar a vida e o futuro de nossa geração.

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    1. Com certeza! O respeito à natureza é fundamental para a sobrevivência do planeta.

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  3. Foram o cansaço, também ficamos um pouco irritados com a desorganização, toda hora mudavam alguma achei um desrespeito com os lideranças. Mas mesmo assim parabenizo a Imperatriz pela lembrança e homenagem a nos indígenas do Xingu.

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    1. Parabéns, Ysani e a todos os indígenas presentes! Com certeza vocês abrilhantaram o desfile!

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