sábado, 11 de fevereiro de 2017

Mina da Passagem

Grande parte do encanto de Minas Gerais está em suas minas. 
Embora nos livros seja ensinado sobre o trabalho do negro nas grandes lavouras, pouco se fala sobre o trabalho nas minas de  extração de ouro e pedras preciosas e sua fase áurea entre 1700 a 1780.


Das gemas de diamantes e ouros extraídos do Brasil, dois terços saíram de Minas, mais precisamente de Ouro Preto, Tiradentes, Congonhas, Mariana, Sabará, Diamantina e várias outras cidades do estado.
Embora ainda haja grandes mineradoras ativas, como a Morro do Ouro, maior do país e maior do mundo em céu aberto, localizada em Paracatu, município do Triângulo Mineiro, o encanto a que me refiro é em relação às minas inativas e suas histórias.
A Mina da Passagem fica a aproximadamente cinco minutos de Ouro Preto e é a mais antiga do Brasil e também a mais visitada do mundo. Ela faz parte do Ciclo do Ouro a partir do século XVIII.


Não há como ter um número exato de quantos africanos foram trazidos para o Brasil pois não existem registros precisos, apenas estimativas.
Segundo historiadores, calcula-se que cerca de 35.000 escravos trabalharam nas minas por causa da busca incessante de metais preciosos, principalmente ouro, esmeraldas e brilhantes. 
Eles eram a base da economia do Brasil e de seu Império colonizador.


As condições de trabalho eram péssimas e muitos não passavam de cinco anos nessa atividade. Ocorriam vários deslizamentos, afogamentos, soterramentos e também insuficiência respiratória.
Uma forma de saber se havia oxigênio suficiente para os trabalhadores, era colocar um pássaro na gaiola perto deles, se caso ele morresse era sinal de que estava com escassez de ar.
Também havia a questão do esgotamento, pois eles eram obrigados a trabalhar de 12 a 16 horas diárias. Sua alimentação era a base de angu com cachaça, assim se esqueciam do tormento físico e mental no qual eram submetidos.



Este é o maquinário original que faz a descida do trolley(espécie de trenzinho), até as galerias subterrâneas da mina. Ele se encontra em ótimo estado de conservação.



Confesso que senti medo, pois embora já tivesse visitado a mina Jeje em Ouro Preto, tinha entrado caminhando, por isso a apreensão inicial.






Quando mais descíamos mais se fazia necessário a iluminação artificial... Em menos de quatro minutos já estávamos no interior da mina.



Segundo o nosso guia, o ouro encontra-se junto ao quartzo ou à pirita, também metais.


Há um lago natural, onde também é possível mergulhar com os equipamentos apropriados e somente para quem tem curso de mergulho profissional.


É impressionante o interior da mina com suas galerias.


Estima-se que desde a sua fundação tenha sido extraído cerca de 35 toneladas de ouro.
Esta é uma máquina que era usada para bombear a água. O chão da mina é muito úmido.


A mina passou por vários donos e muitas tentativas
de voltar a extração, até se tornar ponto turístico 
aberto a visitação.


A origem de seu nome tem controvérsias: de acordo com a lenda alguns afirmam que surgiu devido a
estreita ponte de cordas próxima a casa de uma mulher chamada Mariana. Outros afirmam
que ali naquele local era a passagem onde era cobrado um tributo aos usuários das pontes locais.







Outra lenda que ronda a Mina da passagem é a do capitão Jackes, conta-se que esse capitão inglês foi morto em uma explosão ao tentar explorá-la e que seu corpo nunca foi encontrado. 


Segundo contam, ainda hoje seu espírito vagueia pelas passagens subterrâneas.



 Lendas a parte, o local é um museu de história viva e não tem como não se emocionar. 







4 comentários:

  1. Boa sua matéria, muito bom voltar no tempo e saber um pouco mais sobre a vida dos negros, mesmo sendo em tempos difíceis e triste para eles, mas sabemos que até hoje ainda sofrem com algum tipo de preconceito e que deveria ser totalmente abolido de fato! Bjs!

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    1. Obrigada, Conceição! Muitas coisas na nossa história que desconhecemos.
      Bjs!

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  2. Muito bacana a tua matéria! Linguagem direta, rica em detalhes, e ilustração perfeita. Amei! Que você nos traga mais conhecimento a respeito da nossa terrinha, de nós mesmos... Sucesso! Beijinhos!

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