terça-feira, 21 de março de 2017

Sated/Rio promove Ciclo de Leituras Dramatizadas com entrada franca

Quem é fã de programas culturais pode agora contar com as novidades que o Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversão do Estado do Rio de Janeiro tem promovido desde a semana passada com o "Sated Rio em Ação" 2017.
O Ciclo de Leituras Dramatizadas, esse ano com o tema “Jovens Dramaturgos da Cena Carioca”, faz parte da programação do projeto. Nesta quarta-feira (22), o Teatro Glaucio Gill, da Secretaria de Estado de Cultura/FUNARJ, recebe “Norma”, peça de Dora Castellar e Tonio Carvalho, que também dirige a encenação. O evento, com entrada franca, começa às 18h.
A peça, dramatizada pelos atores Risa Landau e Joaz Perez, discute intolerância e solidão.



Norma é uma mulher de mais ou menos 50 anos, amargurada, que vive sozinha em um apartamento. Renato, por sua vez, é um jovem que ainda não chegou aos 30, ex-inquilino do imóvel, que resolve visitar o local em busca de boas lembranças. O encontro dos dois personagens, repleto de esperanças e frustrações, é o mote de “Norma”.

Na abertura do “Sated Rio em Ação”, na última sexta-feira (17), o público prestigiou a leitura “Não existem níveis seguros para o consumo destas substâncias”. Com autoria de Daniela Pereira Carvalho e direção de Sérgio Fonta, o texto foi lido pelo elenco: Deo Garcez, Luisa Maldonado, Allan Pellegrino, Nina Reis, Sergio Fonta e Tessy Callado. O evento foi realizado no auditório do próprio Sindicato.



7ª EDIÇÃO

Essa já é a sétima edição do “Sated Rio em Ação”, que busca promover manifestações culturais e gerar renda e oportunidade para artistas e técnicos do interior do estado e da capital, que estão fora do mercado de trabalho, demonstrarem seus talentos. Segundo o presidente do Sated/Rj, Jorge Coutinho, o evento é importante para incentivar e valorizar a categoria: 
"O projeto representa o incentivo e a valorização para as categorias e as produções culturais em nosso estado, por expressar o reconhecimento do Sindicato aos esforços dos muitos trabalhadores artistas e técnicos. O objetivo é tornar a arte cênica mais digna e respeitada no seio da sociedade brasileira e, ao mesmo tempo, fazer desta um meio gerador de riqueza para o país."

Confira a programação completa:

PROGRAMAÇÃO CICLO DE LEITURA DRAMATIZADAS
(Tema: Jovens Dramaturgos da Cena Carioca)

"Norma"
Autor: Tonio Carvalho
Direção: Tonio Carvalho    
Local: Teatro Glaucio Gill
Dia: 22/03
Horário: 18h

"Rua Feliz Lembrança"
Autor: Sergio Fonta
Direção: João Fonseca    
Local: Teatro Glaucio Gill
Dia: 23/03
Horário: 18h

"Todas as Histórias de Amor São Tristes"
Autor: Joaquim Vicente
Direção: Joaquim Vicente    
Local: Teatro Glaucio Gill
Dia: 24/03
Horário: 16h

"Dani Night"
Autor: Michelle Ferrúcio
Direção: Michelle Ferrúcio
 Local: Teatro Glaucio Gill
Dia: 29/03
Horário: 18h

"Cara de Cavalo"
Autor: Pedro Kosovsky
Direção: Marco André Nunes
 Local: Teatro Glaucio Gill
Dia: 30/03
Horário: 15h

"Tudo o que a gente espera é que não saiam mudando os pontos de ônibus de lugar"
Autor: Rafael Cal
Direção: Rafael Cal
Local: Teatro Glaucio Gill
Dia: 30/03
Horário: 18h

"Apaixonadamente Chiquinha Gonzaga"
Autora: Eva Procter
Direção: Lula Bastos
Local: Auditório do Sated/RJ
Dia: 31/03
Horário: 18h

"A Incrível confeitaria do sr. Pellica" 
Autor: Pedro Brício 
Direção: Pedro Brício 
Local: Auditório do Sated/RJ
Dia: 03/04
Horário: 18h

"A Corrente de Aléia"
Autor: Ribamar Ribeiro 
Direção: Ribamar Ribeiro 
Local: Auditório do Sated/RJ
Dia: 07/04 
Horário: 18h

Serviço:
Projeto Sated Rio em Ação: Ciclo Leitura Dramatizada/Tema: Jovens Dramaturgos da Cena Carioca
Entrada: Franca
Classificação etária: Livre
Locais: Auditório do Sated/RJ (Rua Alcindo Guanabara, 17 – Centro) e Teatro Glaucio Gill (Praça Cardeal Arco-Verde, s/n – Copacabana)
Informações: 2220-8147


sábado, 11 de março de 2017

A insuportável fascinação do ser















Mulher é mesmo um ser drástico, intenso.
Em uma hora pensamos e queremos de um jeito, para de repente mudarmos completamente de opinião e desejarmos o oposto. 
Quem de nós nunca amou perdidamente uma pessoa, perdeu o apetite e pouco depois não conseguiu acreditar como pôde ter se apaixonada "por aquele esquisito"?!
Gostamos tanto de falar, conversar, confabular e falar mais um pouquinho...
A ciência explica as diferenças, as feministas não acreditam nelas, os homens pensam que somos de Vênus e ninguém nos define afinal.
Somos tão complexas e únicas.
Administramos tantas coisas ao mesmo tempo; Várias em uma.
Somos Berthas, Fridas, Indiras, Amelias, Annettes, Malalas, Carmens, somos o que quisermos.
E essa facilidade camaleônica não tira férias; está entranhada em nossa genética; homem algum consegue ter.
Diante de tantos pontos positivos, existe mulher perfeita? Existe alguma que consiga se entender e se sintetizar?!
Creio que não, do contrário seria exterminado o mito que paira sobre esse ser contraditório, mulher.
Infelizmente, prefiro seguir acreditando no quanto somos insuportavelmente fascinantes.














terça-feira, 7 de março de 2017

Alice Kohler - daqui, dali, de todo lugar

A primeira coisa que me vem à cabeça quando ouço a palavra fotografia é Alice Kohler. É tão natural quanto respirar, desde que vi pela primeira vez suas imagens. Em todas havia o mesmo olhar.
Não foi fácil encontrá-la, não por ser inacessível, mas como está sempre viajando, a fotógrafa é daqui, dali, do mundo.
Nascida em Blumenau, Santa Catarina, filha de pai médico e de mãe professora, Alice veio para o Rio de Janeiro aos dois anos de idade. Sempre viajou muito com a família para lugares exóticos do Brasil e depois com o esporte aos 11 anos de idade, teve a oportunidade de conhecer o mundo.
Formada em Educação Física, trabalhava como professora de natação, inaugurou o Marina Barra Club, trabalhava no Clube Naval e depois começou a aparecer naturalmente viagens para levar os atletas, intercâmbios entre clubes, natação nos estados Unidos. Nesse período Alice começou a trabalhar com turismo e esporte ao mesmo tempo. 
Por vinte anos foi diretora de saltos ornamentais, participando de três Olimpíadas, quatro Jogos Pan-Americanos, Campeonato Mundial juvenil do Brasil, tornando-se uma realizadora de eventos esportivos.
Alice Kohler revela que sua vida tomou outro rumo após o falecimento de seu marido, vítima de um câncer fulminante. 
Embora já tivesse tido contato com os indígenas em um evento esportivo em Belém do Pará, foi a partir dali que começou a direcionar sua energia para trabalhos sociais com essas etnias, esses povos que estavam precisando, e segundo suas palavras"foi o começo de uma grande viagem".



Como surgiu o seu interesse por fotografia?
Eu sempre achei muito interessante esse momento de congelar a imagem da história e ficar registrada para sempre.Meu pai tinha uma câmera fotográfica muito boa, eu mexia desde criança, tive esse contato com equipamento fotográfico desde cedo. Aos 17 anos, num intercâmbio nos Estados Unidos, uma das disciplinas era fotografia, me apaixonei.
O que você mais gosta de fotografar?
Pessoas, adoro fotografar as expressões, os olhares... me dá muito prazer! Também gosto de fotografar bichinhos, coisas que  gente não vê a olho nu. Adoro ficar futucando e achando natureza escondida.



Por que fotógrafa da natureza?
Eu não escolhi ser fotógrafa da natureza, aconteceu. É o que me interessa, o que me dá prazer, então eu fotografo.
O que você não gosta de fotografar?
Violência, guerra, morte. Mas se precisar eu registro. Já fotografei um conflito de uns povos no Quênia... mas não gosto.
O que te inspira?
O ser humano, o olhar, a pureza do ser, a natureza em si. Há uma relação minha com o ser que eu estou fotografando e quando eu consigo registrar esse momento é uma grande felicidade.



 Você tem algum ritual antes de fotografar?
Não, eu não tenho nenhum ritual, mas o assunto tem que me interessar, estar com tempo e tranquila, sem nada na minha cabeça que me preocupe.
Dos lugares e povos que conheceu, qual foi o mais marcante?
Eu viajei pra muitos lugares interessantes. Eu fiz uma viagem para o Rajastão, no deserto da India há trinta e poucos dias que foi maravilhosa... Visitando templos, lugares de difícil acesso. Uma grande viagem! E os índios e as aldeias também. Na África eu conheci um povo nômade chamado Himba que nunca tomou banho na vida. Fazem a higiene misturando um óleo de animal com uma pedra e esfoliam o corpo. As partes íntimas eles defumam com cipó de mato cheiroso. Não usam água para nada, bebem leite somente. Convivi numa lagoa no Benim onde o povo vive há duzentos anos sem ter contato com pessoas de fora. Conhecer povos que quase ninguém conhece  a língua, culturas, comidas, vidas e valores completamente diferentes da nossa, pra mim é muito marcante.



Você tem uma história com os indígenas...
Sim. Eu os conheci durante os Jogos Indígenas e comecei o trabalho com essas etnias, esses povos que estavam precisando. Eu já fotografava e comecei a conhecer pessoas que já subiam o rio pra fazer Médicos Sem Fronteira. Conheci fundações e fomos juntando pessoas que me ajudavam com material esportivo, com doações de fraldas e quando eu vi já estava envolvida até o pescoço, feliz da vida. Como eu estava sempre viajando e fotografando começaram a me convidar para fazer exposições pelo Brasil e no exterior também.



Como é sua rotina de trabalho?
Normalmente eu fico muito no computador tratando e editando as fotos, mas depende de onde eu estou. Geralmente quando estou fotografando com os índios eu passo o dia inteiro com a câmera debaixo do braço pra registrar o que tá acontecendo.
Se sente à vontade no Xingu?
Eu me sinto super à vontade! Mas é claro que existem bichos peçonhentos, grandes, um calor danado, mosquito pra caramba, então a gente tem que se cuidar, tem que ficar ligado, de sapato, protetor solar e em tudo que está em volta, muita aranha, muita cobra, onça... Mas eu me sinto em casa.



Fale um pouco do seu trabalho lá.
Trabalho com esporte, com Educação Física, levo material esportivo, organizo eventos, jogos de futebol, psicomotricidade com as crianças, brincadeiras. Às vezes ajudo na enfermaria, na escolinha.
Se sente reconhecida?
Embora eu não faça o meu trabalho para ser reconhecida, eu acho que sou sim. Eles sempre me convidam para voltar, sempre perguntam quando eu volto, ficam felizes quando me veem, sempre tentam mandar notícias e eu também sempre tento dar um retorno. É um trabalho muito gratificante.



Qual o lugar mais estranho que você já fotografou?
Lugar estranho é onde eu mais fui. No Benim( África) eu fui em um lugar de vodu, de religião e lugar onde branco não participa, era muito estranho. Na India dormi no meio de um deserto com bafo de camelo na minha cara, templo onde as pessoas davam comida para os ratos... Na China eu vi pessoas trabalhando como escravas. No deserto da Austrália com muitos animais peçonhentos. No Piauí há pouquíssimos anos atrás vi escravos, pessoas trabalhando para coronéis;Visitei quilombos fechados, escondidos, onde poucas pessoas já foram. Enfim, fotografei muitos lugares estranhos no planeta.



O que você almeja passar com suas imagens?
O sentimento e a humanidade.
Como se analisa uma fotografia?
Quando você olha para uma fotografia ela tem que te impactar. Se ela não te impactou é porque não te disse nada. E a fotografia você tem que centralizar e dependendo tem o corte, tem o fundo que geralmente é claro, tem que ser uma coisa limpa, que você entenda o que está vendo, o que está lendo.
Como se reconhece um bom fotógrafo?
É aquele que transmite o que você espera daquela fotografia, que consegue atingir a alma do papel, do que você está vendo... Além de ter técnica, conhecimento, sensibilidade e olhar. Fotografia é muito olhar. Se a pessoa não tem olhar, não acontece.



Quais as dicas para quem tá iniciando na fotografia?
Fotografe(risos). Você só aprende fotografando. Leia o manual da câmera e experimente todas as possibilidades.
Pretende escrever um livro?
Pretendo fazer um livro de fotografias. Isso é um dos grandes projetos que eu tenho.





Viajando tanto, você já viu coisas muito curiosas...
Sim. As regras de cada sociedade, de cada cultura são muito curiosas. Conviver com essa diversidade completamente diferente da sua, o que não é certo pra gente, na outra é normal, é natural. Como se cria uma criança numa aldeia indígena, na África, o que eles comem, como eles vivem e como o ser humano suporta viver sem nada e como ele também almeja viver com muito... Sabe, a vida das pessoas no planeta, nas sociedades distintas me interessa e me chama muito a atenção.






Qual a comida mais estranha que já viu?
Já vi muitas comidas estranhas, olho e bico de pássaros, cobra, cachorro...muita coisa exótica no planeta. Eu passo fome, não consigo comer. Comi no Japão uma mousse de chá verde folheada a ouro que não me fez muito bem(risos).
Se sente realizada?
Sim, me sinto super realizada, adoro o que eu faço, mas ainda não está terminado.



Quais são os seus sonhos e projetos?
Eu tenho um projeto de exposição no Peru, na Inglaterra, no Rio de janeiro, Suíça, França... Uma grande exposição focando os povos que vivem nas redondezas do Belo monte e do Belo Sun. Outro projeto é uma exposição no Centro Cultural Justiça Federal em abril sobre os povos da África. O meu sonho é ter saúde e luz para continuar fazendo esse trabalho que adoro, continuar viajando para esses lugares, conhecendo mais povos diferentes e registrando... Eu viajo e as pessoas viajam comigo.




E que esse sonho se realize para que possamos continuar viajando com ela.

sábado, 4 de março de 2017

Celebrando o Feminino

Postura sustentável, ecológica e que resgate hábitos alimentares tradicionais são essenciais. Acreditando nisso a eco chef Mônica Bull organiza no dia 8 de março o "Chá das 5 Celebrando o Feminino".
O evento faz parte das comemorações ao Dia Internacional da Mulher.
As mobilizações em prol de uma consciência a favor das mulheres já começaram em todo mundo. Fruto de décadas de batalhas e séculos de opressão, Mônica visa despertar a sociedade para uma nova consciência no cereal.
Com uma bagagem de 30 anos dedicados a pesquisa e alquimia dos sabores de ervas e especiarias, a eco chef trabalha pela transformação do ser e do mundo, uma direção totalmente inversa à devastação do planeta, dos seres e seus recursos naturais.


É muito gratificante quando mulheres se reúnem para conversar, trocar vivências que servirão de experiências para outras. Na oportunidade o "Chá das 5" contará com uma roda de conversa, chá, café orgânico e outras delícias que o espaço Cereall Gourmet oferece. Reflexão merecida e saborosa.
O endereço do evento é Rua José Bonifácio, 28, centro de Cabo frio, às 17 horas.
Vale a pena conferir!

terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Lideranças Femininas não têm vez na Imperatriz

Então, amigos, mais cedo eu postei sobre o desfile da Imperatriz Leopoldinense e a impressão pessoal que tive durante ele.
Procurei a xinguana Ysani kalapalo, grande representante de sua etnia, empreendedora, ativista social e uma das homenageadas pela escola de samba carioca.
Ysani, como sempre prestativa e amável com a imprensa, contou ao blog sobre como se sentiu no desfile.



Foi mágico! Nunca havia desfilado e me senti grata pela Imperatriz estar falando de algo que nós indígenas já batemos na tecla há muito tempo. Já conhecia o cacique Raoni e revê-lo é sempre muito bom. Ele é o nosso guardião, um homem muito sábio e toda vez que estou próxima a ele sempre  aprendo alguma coisa, como saber lidar com as pessoas e respeitar a visão de cada indivíduo.

Como foi sua preparação para o desfile em relação a fantasia?
Super tranquila pois o que usamos foi tudo nosso, como nos caracterizamos em nossa aldeia. Tudo muito natural e verdadeiro.

Embora tenha se sentido grata e honrada pelo convite, a xinguana nos contou que se decepcionou com algumas atitudes dos organizadores do desfile.

Queria falar sobre nossas lutas e reivindicações e como a Amazônia tem sido devastada nas últimas décadas, mas não me deixaram falar. Fiquei muito decepcionada. No dia da coletiva de imprensa só trouxeram os caciques homens e ignoraram totalmente as caciques femininas.

O que mais você não gostou?
Senti falta das lideranças femininas. A Imperatriz infelizmente só deu voz aos homens. Achei um pouco machista. Eu fiquei observando que só vieram umas poucas meninas para dançar. Ficou bem claro na minha visão de que os homens são para liderar e as mulheres só para ouvir e dançar. Isso ficou na minha cabeça e também na de outras mulheres que estavam ali comigo.

Ysani, não sei se foi realmente assim, mas tive a impressão que faltou diálogo com os indígenas presentes.
Sim. Eles(os organizadores) não me deixara falar na coletiva de imprensa. Raoni queria que eu falasse, mas os organizadores não me deram a oportunidade.
Também achei desorganizado, não nos deram muitas orientações, me senti como penetra, sem poder dar a nossa opinião e para falarmos tínhamos que pedir autorização até algum homem permitir que falássemos ou não. Me senti super chateada. Tinha que ter uma voz feminina xinguana pra falar lá.
Eu senti um machismo latente na pele. Eu sou uma ativista  e defendo a causa indígena há muito tempo e não me deram tempo de fala nenhum e eu fiquei como tradutora de alguns caciques que lá estavam.
Tinham que ter dado voz às mulheres xinguanas, mas não deram. Muito machismo mesmo. Meu pai também ficou bastante chateado, ele mesmo sendo homem queria que nós mulheres também falássemos. Mas não nos deram a oportunidade.


Quantos indígenas participaram do desfile?
Cerca de quarenta indígenas do Xingu. No carro que eu vim tinha onze.

Qual resultado você espera desse desfile?
Maior resultado que poderíamos esperar era criar esse debate  em torno da causa indígena, principalmente alertar as pessoas em relação ao "Monte Monstro"(Belo Monte). Que as pessoas não olhem o índio como o povo atrasado, sim como o povo que preserva e cuida da mãe natureza para todo mundo.



Cacique Raoni e o Clamor que vem da Floresta

Olá, amigos do blog, boa tarde! Como vocês estão?
Feriado prolongado de Carnaval e é sobre ele mesmo que vim falar, mais especificamente do desfile da Imperatriz Leopoldinense.



Como eu já tinha abordado em um post anterior, a agremiação carioca levou para a avenida o samba-enredo "Xingu, o Clamor que vem da Floresta", enfatizando a necessidade de se olhar mais para esses povos, de trabalhar a sustentabilidade e como o crescimento industrial desenfreado tem destruído a Amazônia... 
Linda a letra na interpretação de Arthur Franco e mais linda ainda a iniciativa da escola. 
Mas eu já imaginava que a passagem da Imperatriz seria ofuscada pelo conflito de interesses que isso implicaria. Embora exaustivamente seja falado sobre sustentabilidade, na prática significa minimizar drasticamente os danos causados pelas indústrias e fábricas no planeta, o que choca com a economia nacional onde o agronegócio é o responsável por 22% do PIB e 37% gerador de emprego no país.
A beleza do desfile é indiscutível, os carros, a história indígena, as cores, lendas, a garra de Ysani Kalapalo representando o Xingu... mas senti falta do brilho no olhar do cacique Raoni. A sensação que eu tive foi que ele embora estivesse ali com muito orgulho de ser o que é, também trazia no peito a convicção de que não surtiria o efeito desejado. Que após o carnaval toda aquela manifestação e explosão de sentimentos iria embora, amor de carnaval mesmo... Lembram dele? 
O indígena mato-grossensse que se destacou na mídia em 1987 e virou porta-voz dos assuntos ligados aos índios, opositor ao então projeto Belo Monte( citada "belo monstro" no samba da escola), foi tema de documentário, esteve com o rei da Bélgica, foi patrocinado pelo cantor Sting, apoiado por presidentes e até pelo Papa João Paulo II, enfim, tem uma longa história de resistência, luta e conquistas; O caiapó é responsável pela criação do Parque Nacional do Xingu, na Amazônia. Vale a pena dar uma conferida em sua biografia.



 Senti falta de uma ênfase no tema durante a transmissão do desfile, nos comentários...senti falta dos homenageados no final. Acredito que eles aceitaram a homenagem para que tivessem oportunidade de falar sobre as desigualdades sofridas por seu povo e reivindicarem os seus direitos.
O capitalismo abafou o clamor da floresta. Mais uma vez o homem branco perdeu a oportunidade de dar voz aos verdadeiros donos da terra, aos protetores naturais do planeta. 
Resta-nos, formadores de opinião, continuarmos engajados nessa luta para que não se extingua as etnias espalhadas pelo planeta e com ele toda sua diversidade cultural e as riquezas da natureza. 

sábado, 11 de fevereiro de 2017

Mina da Passagem

Grande parte do encanto de Minas Gerais está em suas minas. 
Embora nos livros seja ensinado sobre o trabalho do negro nas grandes lavouras, pouco se fala sobre o trabalho nas minas de  extração de ouro e pedras preciosas e sua fase áurea entre 1700 a 1780.


Das gemas de diamantes e ouros extraídos do Brasil, dois terços saíram de Minas, mais precisamente de Ouro Preto, Tiradentes, Congonhas, Mariana, Sabará, Diamantina e várias outras cidades do estado.
Embora ainda haja grandes mineradoras ativas, como a Morro do Ouro, maior do país e maior do mundo em céu aberto, localizada em Paracatu, município do Triângulo Mineiro, o encanto a que me refiro é em relação às minas inativas e suas histórias.
A Mina da Passagem fica a aproximadamente cinco minutos de Ouro Preto e é a mais antiga do Brasil e também a mais visitada do mundo. Ela faz parte do Ciclo do Ouro a partir do século XVIII.


Não há como ter um número exato de quantos africanos foram trazidos para o Brasil pois não existem registros precisos, apenas estimativas.
Segundo historiadores, calcula-se que cerca de 35.000 escravos trabalharam nas minas por causa da busca incessante de metais preciosos, principalmente ouro, esmeraldas e brilhantes. 
Eles eram a base da economia do Brasil e de seu Império colonizador.


As condições de trabalho eram péssimas e muitos não passavam de cinco anos nessa atividade. Ocorriam vários deslizamentos, afogamentos, soterramentos e também insuficiência respiratória.
Uma forma de saber se havia oxigênio suficiente para os trabalhadores, era colocar um pássaro na gaiola perto deles, se caso ele morresse era sinal de que estava com escassez de ar.
Também havia a questão do esgotamento, pois eles eram obrigados a trabalhar de 12 a 16 horas diárias. Sua alimentação era a base de angu com cachaça, assim se esqueciam do tormento físico e mental no qual eram submetidos.



Este é o maquinário original que faz a descida do trolley(espécie de trenzinho), até as galerias subterrâneas da mina. Ele se encontra em ótimo estado de conservação.



Confesso que senti medo, pois embora já tivesse visitado a mina Jeje em Ouro Preto, tinha entrado caminhando, por isso a apreensão inicial.






Quando mais descíamos mais se fazia necessário a iluminação artificial... Em menos de quatro minutos já estávamos no interior da mina.



Segundo o nosso guia, o ouro encontra-se junto ao quartzo ou à pirita, também metais.


Há um lago natural, onde também é possível mergulhar com os equipamentos apropriados e somente para quem tem curso de mergulho profissional.


É impressionante o interior da mina com suas galerias.


Estima-se que desde a sua fundação tenha sido extraído cerca de 35 toneladas de ouro.
Esta é uma máquina que era usada para bombear a água. O chão da mina é muito úmido.


A mina passou por vários donos e muitas tentativas
de voltar a extração, até se tornar ponto turístico 
aberto a visitação.


A origem de seu nome tem controvérsias: de acordo com a lenda alguns afirmam que surgiu devido a
estreita ponte de cordas próxima a casa de uma mulher chamada Mariana. Outros afirmam
que ali naquele local era a passagem onde era cobrado um tributo aos usuários das pontes locais.







Outra lenda que ronda a Mina da passagem é a do capitão Jackes, conta-se que esse capitão inglês foi morto em uma explosão ao tentar explorá-la e que seu corpo nunca foi encontrado. 


Segundo contam, ainda hoje seu espírito vagueia pelas passagens subterrâneas.



 Lendas a parte, o local é um museu de história viva e não tem como não se emocionar.